O profissional de secretariado na organização de eventos
A inserção do profissional de
secretariado no ramo de Cerimonial e Organização de Eventos
Vou expressar minha opinião a partir
de dois pontos de vista: um, sob a ótica de quem foi secretária executiva (de
1980 até 1992); e o outro, enquanto professora universitária, em curso superior
de Secretariado Executivo (de 1992 até 2010), lecionando disciplinas como
Técnicas de Secretariado e Cerimonial e Etiqueta, e hoje como consultora na
área de Etiqueta Empresarial e Protocolo Corporativo.
Bem, sou da “velha guarda do
secretariado”, como costumo me identificar
para a nova geração de profissionais (não quer dizer que não esteja atualizada
com tudo o que está aí em matéria de tecnologia e métodos de se fazer). Contudo,
é para dizer que vivi situações (eu e todas as profissionais de minha época)
que serviram para embasar a legislação e muitas das técnicas de secretariado
aplicadas hoje em nossas organizações.
Lá em 1980, quando a secretária era
denominada de “o cão de guarda da ante-sala do poder”, “a esposa do
escritório”, “o anjo da guarda do chefe”, “a dona da agenda”, e mais uma
centena de outros apelidos estereotipados, uma de nossas inúmeras atribuições
era contribuir na organização dos eventos empresariais e mais ainda dos eventos
sociais dos dirigentes que secretariávamos.
Na verdade, os eventos sociais eram a
maioria, porque a demanda vinha diretamente por parte das esposas dos
dirigentes, que recorriam à secretária para toda a parte da logística. Os
eventos eram dos mais diferentes tipos: aniversário de filhos, jantares para
homens de negócios na casa do chefe, café da tarde para as amigas da esposa do
chefe, e por aí vai.
Sim, naquela época a secretária tinha
a função de “assessorar” também a família, principalmente a esposa do chefe.
Ainda, hoje, é sabido que muitos profissionais do secretariado têm a
responsabilidade de assessorar o executivo em seus assuntos particulares e
sociais.
Quais eram nossas atribuições diretas
para a consecução desses eventos?
As atribuições giravam em torno de: elaboração
e acompanhamento do convite junto à gráfica, envio do convite, controle e atendimento
por telefone da confirmação de presença, contato com o bufê e a floricultura,
contato com o local do evento, isso se não fosse realizada na própria casa do
executivo.
Geralmente cabia às secretárias fazerem
a supervisão geral e final do evento, mesmo na casa do chefe. Isso envolvia
verificar: a colocação da mesa com todos os talheres e taças devidamente
colocadas e de acordo com o cardápio; a determinação dos lugares à mesa
condizentes com a ordem de precedência e de acordo com o privilégio que o diretor
queria que o convidado de honra ou homenageado tivesse.
Depois de recepcionar os convidados (a
exemplo do que acontece no filme “O diabo veste Prada”), acompanhava os
serviços do bufê na hora de servir. Enfim, ficava até o final do evento.
Por todo o envolvimento que a
secretária tinha com eventos, a Lei 7.377/85, que institucionalizou a profissão
de Secretário, traz em seu Artigo 4º. (que trata das atribuições do Secretário
Executivo), alínea X, a necessidade de “conhecimentos protocolares”.
Claro, que depois da regulamentação da
profissão e o surgimento dos cursos de formação de Secretários Executivos,
essas atividades de organização de eventos ganharam um aliado, que foi sua
inclusão nos conteúdos curriculares dos cursos superiores de Secretariado. Paralelamente,
essas atribuições foram incrementando e se sofisticando. Tanto que atualmente o
profissional de secretariado exerce a supervisão e coordenação direta da
organização de eventos corporativos e sociais.
Para tal responsabilidade, precisa ter
amplo conhecimento de tudo que envolve essa área. Não pelo fato de colocar a
mão na massa para fazer um evento, mas porque planeja e coordena eventos dos
mais diversos na empresa e sociais. E quem planeja e coordena tem que conhecer,
caso contrário corre um grande risco de ser visivelmente ludibriado por um
fornecedor mal intencionado, por exemplo. Ou por pessoas que fazem corpo mole
na hora em que tudo tem que estar perfeito.
Sem falar de eventos – como feiras,
por exemplo, que requer toda uma logística adequada porque envolve viagem doméstica
ou internacional dos participantes. Envolve a vinda de estrangeiros, outras
vezes.
Daí a necessidade de uma formação
contemplar conteúdo sobre planejamento e organização de eventos, como elaborar
um cronograma de atividades, o briefing e
o checking list, o orçamento.
Além desse conteúdo, devem ser
incluídos na formação os conhecimentos de cerimonial e protocolo, as normas do
Cerimonial Público e da Ordem Geral de Precedência, segundo o Decreto 70.274.
É evidente que uma parte importante
para o sucesso do profissional de secretariado que faz essas atividades na
empresa, ou quer no futuro abrir seu próprio negócio na organização de eventos,
é o perfil comportamental. Costumo dizer que quem organiza um evento, não pode
e nem deve se comportar durante o evento como se fosse o anfitrião do evento.
Quem é responsável por organizar um
evento está lá no momento para trabalhar, fazer acontecer, e não “aparecer” (no
sentido de chamar atenção). Deve agir discretamente em todos os momentos e
situações, sejam elas de elogio ou de reclamação. Só assim adquirirá respeito e
confiabilidade para fazer o próximo. Durante o evento, quem organiza não bebe,
não come, não fuma, não se altera nem discute. Deve ser tão elegante como um
beija-flor. O seu glamour deve ser percebido pelo seu profissionalismo e
dedicação.
Deve ser alguém com acentuada
inteligência social, com habilidade de liderar e se relacionar muito bem com as
pessoas, e ter a sensibilidade para perceber quando algo precisa mudar de rumo.
Ter “radar social” ampliado e conectado, caso contrário terá dificuldades de
manter a coesão da equipe que está colocando a mão na massa para dar
visibilidade ao evento.
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