Dos Escribas à Internet: um pouco da história da profissão de Secretário (parte III)
ANOS
90: OS NOVOS DESAFIOS DO SECRETÁRIO EXECUTIVO
A década de 90 foi marcada por uma série de
fatores que influíram sobremaneira na reestruturação de organizações nacionais
e internacionais. Proporcionou o melhor momento para a conquista de espaço do
secretário executivo, abrindo o caminho para a profissão, como resultado da
dinâmica do mercado e das profundas mudanças organizacionais, administrativas e
tecnológicas, principalmente causadas pela “Era da Informática e da Qualidade”.
Natalense (1998) corrobora esta opinião.
Nos
últimos anos, as organizações foram assoladas por uma onda de reengenharia, downsizing, programas de competitividade
e produtividade, de qualidade total e valorização do cliente. Muitas
organizações, estruturadas com base na Revolução Industrial e nas idéias
clássicas de administração, que pregam rigidez hierárquica, centralização de
poder e controle absoluto, estão se reestruturando e se adequando à nova
realidade do mercado. Um mercado cada vez mais competitivo e veloz, em
decorrência da globalização da economia, da revolução científica e tecnológica;
esta, liderada pela tecnologia de informações e de comunicações, que invadiu os
escritórios, passando a fazer parte do cotidiano das organizações que, para
sobreviverem, tiveram que ter uma integração total de informações.
Na
verdade, o trabalho do secretário executivo como de tantos outros
profissionais, está impregnado de ideias e técnicas defendidas pelos autores da
escola da eficiência. Mas as profundas mudanças com as quais nos deparamos no
final do século XX, além de influenciarem as organizações como um todo, estão
alterando também, e significativamente, a atuação do secretário executivo.
Segundo Maximiano (1997, p. 25), as organizações do presente “são profundamente
influenciadas pelos computadores, que facilitaram a redução de quadros, além de
introduzir a empresa virtual e o trabalhador virtual no cenário.”
A
chegada ao mercado das secretárias eletrônicas, do computador e, mais
recentemente, da internet e do e-mail, provocou mudanças organizacionais e
administrativas, tornando as organizações mais dinâmicas e os executivos mais
independentes. Os secretários executivos tradicionais que perceberam que
deveriam evoluir, assim como a tecnologia, ganharam novas funções. Já outros,
perderam espaço.
A
abolição gradativa do modelo de organização tradicional, o crescimento dos
negócios em tamanho e complexidade, a necessidade de redução dos custos do
escritório por meio de maior produtividade e
automação de tarefas repetitivas e monótonas, colaboraram para ampliar
a responsabilidade do profissional do secretariado
em relação ao escritório. Para Jaderstrom et al. (1997), o secretário executivo
está se tornando um “paraprofissional”, que assessora a direção a processar e
organizar informações. Sustenta sua opinião baseado na Associação Internacional
de Secretárias(os), denominada Professional
Secretaries International (PSI), que define o secretário executivo de hoje
como um assessor executivo que possui prática nas rotinas de escritório, que
demonstra habilidade para assumir responsabilidade sem supervisão direta, e que
tem iniciativa e capacidade de tomar decisões sem precisar receber ordens.
As
responsabilidades e cargos variam de organização para organização. O cargo
“secretário”, em algumas, está sendo substituído por outras nomenclaturas, tais
como assistente administrativo,
assistente executivo, assessor executivo, para refletir as mudanças nas
rotinas e em suas responsabilidades no escritório de hoje. Neste entendimento,
convém repetir a opinião de Natalense (1998, p. 12) sobre a classificação como
assessor. “Assessorar não é cargo. É uma função inerente a algumas profissões
como a de secretário.” A autora defende que assessorar os diversos níveis
gerenciais é a razão de ser da profissão e não é algo a ser conquistado no
futuro do secretário executivo.
Outras
organizações, porém, têm eliminado de sua estrutura de cargos e salários o de
secretário devido à lei 7.377/85, que institucionalizou a profissão e requer
que o cargo seja ocupado por um profissional com registro na Delegacia Regional
do Trabalho (DRT). Para tanto, deverá ter formação em nível de Segundo Grau em
Técnico em Secretariado ou em nível superior, em Secretariado Executivo. Medeiros
e Hernandes (1995, p. 38), também, concordam que “em virtude da lei, as
empresas, para fugirem às multas, se a profissional não tem curso de
secretariado, registram-na com outras ocupações.”
São
muitas as denominações encontradas para o registro de um profissional
secretário. Contudo, secretário júnior é aquele com pouca experiência, que está
no início de carreira, e ainda necessita ser orientado para a execução de
tarefas. O secretário executivo, por sua vez, executa as tarefas a partir de
iniciativa pessoal e tem experiência profissional, fato pelo qual já trabalha
com os executivos da alta administração.
Existe uma diversidade de
nomenclaturas que caracterizam os vários níveis de secretariado. Medeiros e
Hernandes (1995, p. 43) afirmam que, independentemente da denominação, os
profissionais realizam “as mesmas tarefas, mas com metodologias de trabalhos
diferentes, com performance diversa.”
Mas, onde está a diferença entre um profissional do secretariado e outro e, por
conseguinte, entre uma nomenclatura e outra? Está na sua “atitude profissional,
nos hábitos de trabalho, na forma de encarar as dificuldades, nas tarefas que
têm por realizar, na capacidade de tornar a rotina menos fatigante.“ (Medeiros
& Hernandes, 1995, p. 44).
Texto
extraído de:
WAMSER, Eliane. O impacto das mudanças organizacionais na profissão de secretário e a contribuição do estágio supervisionado em sua formação.
Referências
bibliográficas
JADERSTROM, Susan et al. Professional Secretaries International complete office handbook:
the definitive reference for today’s
electronic office. New York: Random House, 1997.
MAERKER, Stefi. Secretária: a parceria de sucesso. São
Paulo: Gente, 1999.
MAXIMIANO, Antonio
Cesar Amaru. Teoria geral da
administração: da escola científica à competividade em economia
globalizada. São Paulo: Atlas, 1997.
MEDEIROS, João
Bosco; HERNANDES, Sonia. Manual da
secretária. 6.ed. São Paulo: Atlas, 1995.
NATALENSE,
Liana. A secretária do futuro. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 1998.
REICH, Robert B. O trabalho das nações: preparando-nos
para o capitalismo do século 21. (tradução de Claudiney Fullmann). São Paulo:
Educator, 1994.
RIFKIN, Jeremy. O fim dos empregos: o declínio
inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho.
(tradução Ruth Gabriela Bahr). São Paulo: Makron Books, 1995.
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