Será que tudo é uma questão de tempo?
Se fizermos uma analogia
de nossas vidas, e da vida das empresas em que trabalhamos, quais são as
semelhanças e as diferenças que podemos identificar? Primeiramente deveríamos
fazer uma pergunta básica, e o que é “Vida”?
Algumas pessoas podem
dizer que vida é o tempo entre a concepção e a morte, a condição de uma
entidade que nasceu e ainda não morreu, ou um processo em curso do qual seres
vivos são uma parte, levando isto em consideração podemos dizer que é tudo uma
questão de tempo, e de como iremos empregar este tempo em nossas vidas e na
vida de nossas empresas.
Ao conhecer um pouco mais
sobre a “Tríade do Tempo” de Christian Barbosa que trata sobre aquilo que é
importante, urgente e circunstancial percebemos que não temos como separar
nossas vidas pessoais de nossas carreiras profissionais, tal feito seria um
erro, porém infelizmente, automaticamente ou até inconscientemente tentamos não
misturar as coisas e separá-las para que quem sabe a leveza de uma não
interfira na dureza de outra e assim vice-versa, o que não percebemos é que na
intenção de separá-las estamos mal administrando o tempo de ambas, estamos
apenas remendando e criando um provisório que é para sempre.
No livro que li - “Casais
inteligentes que enriquecem juntos” de Gustavo Cerbasi, aprendi muitas coisas
das quais levo para minha vida e para a vida de minha noiva desde então, porém
nem sempre aplicamos tudo aquilo que temos de teoria, e qual seria o motivo
para a não aplicação destas teorias?
Já ouvi falar que o ‘urgente’
é tudo aquilo que alguém não conseguiu realizar em tempo hábil e quer que você
faça em tempo recorde; também ouvi falar que para cada um minuto que usamos
para nos planejarmos ganhamos uma hora de produtividade, e que tudo é uma
questão de acreditar, sentir-se preparado e não desistir.
O que nunca ninguém me
falou é que muitas vezes nos sabotamos, que aplicamos erroneamente o nosso
tempo e não planejamos estrategicamente com brainstorming,
plano de ação, briefing e feedback nossas vidas e carreiras, não
percebemos quais são nossos pontos fortes e fracos, assim como normalmente
agimos dentro das organizações a qual pertencemos.
Se eu colocasse no papel,
tudo aquilo que atrapalha a otimização de nosso tempo eu diria que a primeira
coisa é não refletir sobre isso, a partir daí uma série de justificativas podem
ser apresentadas.
Recentemente aprendi uma
gíria nova, que faz referência ao assessor que nada assessora - não vou citar a
gíria neste texto, mas os acadêmicos da pós-graduação de Assessoria Executiva Empresarial
sabem qual é e o que isso significa - por diversas vezes encontramos pessoas
com este perfil a nossa volta, e o que difere essas pessoas das demais se
define em um verbo, fazer.
Fazer acontecer é isso o
que um executivo faz, este é o significado ou a tradução desta profissão. E
assessorar este profissional nada mais seria do que garantir que a sua missão
seja cumprida, porém isso tudo só é possível uma vez que nos conhecemos, uma
vez que fazemos uma leitura sobre nós mesmos e enxergamos tudo aquilo que para nós
é importante, urgente ou circunstancial. O ser humano, como a qualquer outra
entidade que atribuímos a vida, possui sua individualidade biológica, ou seja, não existe nada, nem
ninguém exatamente igual, e portanto não tem como se criar uma receita de bolo
para aplicar em tudo. Mas existem mecanismos dos quais podemos utilizar e
aplicar para melhor nos conhecermos e
decidir quais métodos são os mais eficazes perante nossas características.
O que eu mais gosto de
fazer, neste momento é estar na minha casa, simples assim, porém, para mim, não
existe nada mais importante no mundo nem mais grandioso do que isso, pois é na
minha casa que está a minha noiva, que amo além dessa vida; é na minha casa que
depositei toda minha luta, trabalho, sangue e suor; é em cada cômodo, em cada
móvel e objeto que lá está que dediquei uma vida inteira de esforço,
aprendizado, bagagem, vitórias e derrotas. É nesta casa também que está o
Valente, meu mais novo melhor amigo, filho, parceiro ou como quer que se deva
chamar, meu mais novo cãozinho.
Tenho certeza de que se eu ler este texto
daqui a alguns anos, acharei este trecho bizarro, engraçado e talvez me
envergonhe um pouco por isso, mas acho que tudo isso também é uma questão de
tempo.
O tempo às vezes parece
fluir e uma hora passa feito um segundo e outras vezes um segundo dura uma
eternidade, a verdade é que tudo depende do sentimento que aplicamos ao momento
em que estamos vivendo, associamos momentos bons, ao fato de serem curtos e
momentos ruins de demorarem, mas que graça teriam os momentos bons se a
ocasionalidade pela qual este fenômeno acontecesse fosse maior do que os
momentos ruins.
Que importância daríamos a
estes momentos?
E qual felicidade este
momento nos proporcionaria?
Tudo que aprendi até aqui,
me faz desejar somente, simples e curtíssimos momentos da mais pura e
verdadeira felicidade e que a incidência destes acontecimentos seja tão
duradoura, quanto um segundo perante a eternidade.
Pensar
sobre isso é fácil, agir desta forma é que é difícil. A verdade que acredito é
que fácil é tudo aquilo que dominamos, que já conhecemos e difícil é tudo
aquilo que precisamos empregar um pouquinho mais de tempo para aprender como se
faz.
Se
alguém me pedisse para encontrar um elefante branco e me convencesse da
importância de se ter um elefante branco, e me perguntasse como eu faria
isto? Eu diria que encontraria um elefante
a venda em algum país distinto, em algum zoológico ou em um circo; daria um
jeito de importá-lo e regularizar sua situação e quando ele estivesse aqui
encontraria a tinta certa para pintá-lo de forma que isso não o prejudicasse e
fazendo com que nenhuma ONG se oponha a minha vontade. Porém se alquém mandar eu arrumar um elefante
branco não importando a maneira com a qual eu faria isto, sem considerar minha
opinião ou desrespeitando meu intelecto, eu obviamente irei tirar meu time de
campo, para mim isto é o que difere daquilo que faço, daquilo que me é imposto
e daquilo que escolho fazer.
Concluo
então que o que me atrapalha é aquilo que eu não organizo, aquilo que não
planejo e que não faço uma gestão, que desperdiço muito tempo me dedicando a
encontrar formas, quando o que eu preciso primeiro é de mais autoconhecimento,
é esquecer um pouco o “quando” e o “como” e definir um pouco mais “o que”, o
que é importante, o que é urgente, e o que é circunstancial, o que eu gosto de
fazer, o que eu não gosto, e o porque disso tudo.
Por
fim, precisamos fazer um pouco mais por nós e por nossas vidas, como tudo
aquilo que sempre fazemos pelas empresas nas quais passamos, isso responde
minha pergunta inicial, esta é a semelhança que desejamos e a diferença que não
enxergamos entre a importância de ambas as vidas e como elas se relacionam.
Autor:
Eduardo Augusto de Mattos. Texto produzido para a disciplina de Tempo, Organização
e Planejamento, do curso de Pós-Graduação em Assessoria Executiva Empresarial,
da Universidade Regional de Blumenau, em fevereiro de 2015.
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