Profissional de secretariado X quem se assessora: a parceria necessária

 

Em novembro de 2013 escrevi um artigo intitulado “O contrato psicológico firmado entre o assessor executivo e o assessorado”, motivado por questionamentos que recebia por e-mail de profissionais recém-formados que estavam acessando a carreira na área.

Relatos de dificuldades que enfrentavam para se adaptar ao estilo e ritmo de trabalho da pessoa que assessoravam. Esta semana, recebi outro questionamento que vai nessa mesma direção.

Em tempos de pandemia, você pode se perguntar: “Como pode haver esse tipo de dificuldade se estamos trabalhando remotamente?”

Oi?!! Como assim? Nada de generalizar, viu? Inúmeras empresas já voltaram ao trabalho presencial, tanto a área operacional e produção, como a área administrativa. E quem assessora também, claro!

Em ritmo presencial, as situações de conflito, talvez atenuadas com o trabalho on-line, voltam a se acentuar no relacionamento face-to-face. Situações que, sob o ponto de vista de alguns, podem parecer corriqueiras, mas para quem tem que vivenciá-las oito horas por dia, acabam sendo tóxicas e fragilizando o relacionando com a pessoa que assessora. Vai desde a dificuldade em pegar assinatura em um documento a contornar situações usuais ao telefone (agora concentrado no whatsapp ou em outra tecnologia à disposição); desde conseguir dar feedback de atitudes tomadas ao follow-up dos assuntos pautados na próxima reunião on-line com um cliente em potencial.

Por que essas situações de conflito acontecem entre essa dupla?

Que atitude tomar para equilibrar a situação em nome de um ambiente sadio e respeitoso de trabalho?

Entendo que é preciso se estabelecer um contrato de parceria entre quem assessora e quem é assessorado.

Neste caso, o que envolveria essa parceria entre o assessor e o assessorado?

Certamente não estou me referindo a um documento escrito com cláusulas e incisos, registrado em cartório. Trata-se de um conjunto de expectativas mútuas, implícitas, que precisam ser verbalizadas entre as duas partes. Um levar ao conhecimento do outro a forma como quer receber a assessoria, de que forma se darão as relações diante de situações previsíveis e imprevisíveis que irão acontecer no cotidiano do ambiente de trabalho.

Diálogo é a ação chave para começar a delinear as cláusulas do contrato. Desconheço outra maneira, a não ser por intermédio do diálogo, para se estabelecer uma relação de confiança entre as partes (assessor e assessorado). É um contrato que determinará como agir em momentos simples e como agir em situações de extrema complexidade.

Sem dúvida, este diálogo deve conduzir a um auto direcionamento e certa autonomia, o que acontecerá diante da autenticidade da conversa e da segurança que um passa ao outro pelo conhecimento técnico e comportamental que ambos são detentores. Nada disso é possível se uma das partes sentir insegurança, e tiver medo ou falta de disposição para aprender continuamente.

Você já tem resposta para as seguintes perguntas?

1.    O que o meu gestor espera do meu trabalho?

2.    Como eu encaro o meu trabalho?

A atitude pessoal de cada profissional exerce uma considerável parcela de responsabilidade para que esse contrato psicológico prospere.

O que diz seu coração a respeito? O que diz seu poder racional? Pondere as respostas vindas de seu coração com as respostas emitidas pelo seu ser racional, e ache o equilíbrio.

É o equilíbrio que te possibilitará priorizar e flexibilizar suas ações, acelerar ou afrouxar. Ter conhecimento e habilidades nos dá equilíbrio e capacidade para ponderar se é possível deixar para amanhã a assinatura daquele documento que já gerou estresse de tanta polêmica que causou. Afinal de contas, para hoje o dia já deu!

Se puder ficar para manhã, por que não?

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